Sobre a Gaggia

Tudo começou em Milão, em 1930, quando Giovanni Achille Gaggia (1895-1961) começou a trabalhar no café de propriedade de sua família, chamado "Caffè Achille", localizado no número 14 da Viale Premuda. No final do século XIX, o café era preparado usando as chávenas tradicionais. Em 1900, as primeiras máquinas a vapor "puffing" começaram a aparecer nos bares de café, mas naquela época, preparar café com uma máquina a vapor não garantia um resultado ideal, pois o café às vezes era queimado pelo vapor, tornando-o excessivamente amargo.

Em 5 de setembro de 1938, Achille Gaggia apresentou a patente nº 365726 para uma máquina de café sem vapor, marcando a era moderna do espresso. Ao contrário de seus predecessores, o design de Gaggia usava uma invenção revolucionária chamada "Lampo". Graças a esse sistema, ele pôde controlar todo o processo pelo qual a água quente sob pressão passava pelo café moído, dando origem ao espresso com "crema".

Em 1947, o mecanismo de prensagem foi substituído por um engenhoso sistema de alavanca, que permitia atingir uma pressão de 8 a 9 atmosferas. Isso tornou possível extrair os aromas e sabores que conferem ao café a sua plenitude, obtendo a característica "crema" numa chávena de espresso.

A empresa Gaggia foi fundada em Milão, em 1948. Achille Gaggia mostrou aos clientes uma nova forma de apreciar o café: o seu espresso era diferente de tudo que havia sido comercializado até então. Assim, iniciou-se a produção da primeira máquina de café para estabelecimentos, a Classica. Esse modelo marcou uma importante transição do ponto de vista tecnológico e estético, sendo uma das primeiras máquinas horizontais.

As máquinas Gaggia foram rapidamente instaladas em alguns dos cafés mais famosos de Milão, como Motta e Biffi, localizados na elegante Galleria Vittorio Emanuele. Em questão de dias, filas começaram a formar-se: parecia que toda Milão estava na fila para experimentar a "crema" do espresso da Gaggia.

Gaggia começou a fabricar mais duas máquinas para uso em cafeterias e bares. O modelo Esportazione, que recebeu ironicamente o apelido de "lata de sardinhas" devido à sua forma incomum, e o modelo Internazionale, que remetia aos primeiros foguetes lançados ao espaço. Ambas as máquinas possuíam corpo de acrílico retroiluminado onde se podia ler "Crema caffè naturale funziona senza vapore" (a "crema" natural do café funciona sem vapor).

O sucesso da empresa havia se consolidado: com os seus icônicos designs, a Gaggia causou um grande impacto na Feira de Milão e rapidamente obteve reconhecimento internacional.

Na metade dos anos cinquenta, a moda do espresso espalhou-se. A Gaggia foi a primeira máquina de café italiana a ser importada para o Reino Unido: em 1953, a atriz italiana Gina Lollobrigida inaugurou o primeiro café Moka de Londres com uma máquina Gaggia. Em poucos anos, o café espresso tornou-se uma verdadeira tendência que ultrapassava as fronteiras italianas e crescia rapidamente, associado à elegância e estilo italianos.

A máquina de café para bares Montecarlo, fabricada na Austrália, foi a representação da marca italiana nesse país por mais de vinte anos, contribuindo imensamente para a disseminação da cultura da "crema". Ao mesmo tempo (1957), começou em Milão a produção em série do modelo América, que levou a eficiência do sistema de alavanca a um novo patamar. O sucesso entre o público foi retumbante.

O modelo Autono-Matic, desenvolvido a partir do modelo América e que gradualmente substituiu os modelos de alavanca, apresentava várias inovações, como o controle hidrotérmico da caldeira. O mecanismo simples dos grupos de acionamento hidráulico, uma conquista técnica de ponta, permitia preparar uma ou duas chávenas de café com apenas um toque de botão. A próxima etapa na produção da Gaggia foi o desenvolvimento da série Orione.

Achille Gaggia, o ilustre fundador da marca Gaggia e o inventor da crema do café, faleceu prematuramente em 1961. A direção da empresa passou para seu filho, Camillo, e Armando Migliorini. A empresa que eles herdaram havia se tornado líder incontestável do setor. A primeira experiência da Gaggia com designers ocorreu em 1968, quando o arquiteto Giuseppe De Gotzen projetou o conceito que se tornou a máquina de café Top 70. Ela tinha um permutador de calor horizontal e botões de ligar/desligar e dispensar (um por grupo). Essa máquina foi exibida na Feira de Milão de 1968, em comemoração ao 20º aniversário da Gaggia.

O próximo projeto, renomeado como Modello 80, possuía várias características originais e as suas linhas eram típicas dos anos 1960. Foi produzido em várias versões, oferecendo uma variedade de sistemas de extração: um grupo para espresso ou um grupo para café filtrado e sistema de reserva.

Desde a década de 1990 até a primeira década do século XXI, a marca Gaggia manteve sua tradição de produzir máquinas de café profissionais para cafeterias, como a atemporal Deco Evo, com seu design vintage.

O grupo Evoca adquiriu o ramo profissional da marca Gaggia para fortalecer sua posição no mercado Horeca. A aquisição concentrou-se em um relançamento 80 anos após a revolucionária invenção de Achille, e hoje a marca Gaggia está celebrando seu renascimento com a La Reale, uma nova máquina de café tradicional desenvolvida em colaboração com o Bonetto Design Center. A La Reale é um modelo cênico que reinterpreta as melhores estéticas dos modelos históricos da Gaggia de acordo com o gosto contemporâneo.

A tarefa de escrever o próximo capítulo emocionante na história da Gaggia foi atribuída a uma nova linha completa de máquinas, que inclui, entre outras, as primeiras máquinas totalmente automáticas da Gaggia, a La Radiosa. Isso ocorre porque o futuro pertence apenas àqueles que são obstinados o suficiente para acreditar na beleza de seus sonhos e levá-los até o fim.